CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Boletim
da Santa Sé
Tradução livre: Jéssica Marçal (Canção Nova)
Tradução livre: Jéssica Marçal (Canção Nova)
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Nesta catequese quero falar sobre o tema “Missionários de
esperança hoje”. Estou feliz de fazê-lo no início do mês de outubro, que na
Igreja é dedicado de modo particular à missão e também na Festa de São
Francisco de Assis, que foi um grande missionário de esperança!
De fato, o cristão não é um profeta de desgraças. Nós não somos
profetas de desgraças. A essência do seu anúncio é o oposto, o oposto da
desgraça: é Jesus, morto por amor e que Deus ressuscitou na manhã de Páscoa. E
este é o núcleo da fé cristã. Se os Evangelhos parassem na sepultura de Jesus,
a história deste profeta teria se acrescentado às tantas biografias de
personagens heroicos que gastaram a vida por um ideal. O Evangelho seria então
um livro edificador e também consolador, mas não seria um anúncio de esperança.
Mas, os Evangelhos não se fecham com a sexta-feira Santa, vão
além e é justamente esse fragmento ulterior a transformar as nossas vidas. Os
discípulos de Jesus estavam abatidos naquele sábado depois da sua crucificação;
aquela pedra rolada sobre a porta do sepulcro tinha fechado também os três anos
entusiasmados vividos por eles com o Mestre de Nazaré. Parecia que tudo tivesse
terminado e alguns, desiludidos e amedrontados, estavam já deixando Jerusalém.
Mas Jesus ressuscita! Este fato inesperado transforma a mente e
o coração dos discípulos. Porque Jesus não ressuscita somente para si mesmo,
como se o seu renascimento fosse uma prerrogativa do qual ser invejoso: sobe
para o Pai é porque quer que a sua ressurreição seja participada por cada ser
humano e leve para o alto cada criatura. E no dia de Pentecostes, os discípulos
são transformados pelo sopro do Espírito Santo. Não terão somente uma bela
notícia a levar a todos, mas serão eles mesmos diferentes de antes, como
renascidos a uma vida nova. A ressurreição de Jesus nos transforma com a força
do Espírito Santo. Jesus está vivo, está vivo entre nós, está vivo e tem aquela
força de transformar.
Como é belo pensar que se é anunciadores da ressurreição de
Jesus não somente com palavras, mas com os fatos e com o testemunho da vida!
Jesus não quer discípulos capazes somente de repetir fórmulas aprendidas de
memória. Quer testemunhas: pessoas que propagam esperança com o seu modo de
acolher, de sorrir, de amar. Sobretudo de amar: porque a força da ressurreição
torna os cristãos capazes de amar mesmo quando o amor parece ter perdido suas
razões. Há um “mais” que habita a existência cristã e que não se explica
simplesmente com a força da alma ou um maior otimismo. A fé, a esperança nossa
não é só um otimismo; é outra coisa, mais! É como se os fiéis fossem pessoas
com um “pedaço de céu” a mais sobre a cabeça. É bonito isso: nós somos pessoas
com um pedaço de céu a mais sobre a cabeça, acompanhados por uma presença que
alguém não consegue sequer intuir.
Assim, a tarefa dos cristãos neste mundo é aquele de abrir
espaços de salvação, como células de regeneração capazes de restituir a linfa
àquilo que parecia perdido para sempre. Quando o céu é nebuloso, é uma benção
quem sabe falar de sol. Bem, o verdadeiro cristão é assim: não lamentoso e
irritado, mas convencido, pela força da ressurreição, que nenhum mal é
infinito, nenhuma noite é sem término, nenhum homem é definitivamente errado,
nenhum ódio é invencível pelo amor.
Certo, algumas vezes alguns discípulos pagarão caro preço por
essa esperança dada a eles por Jesus. Pensemos em tantos cristãos que não
abandonaram o seu povo, quando chegou o tempo da perseguição. Permaneceram ali,
onde se era incerto também o amanhã, onde não se podia fazer projetos de nenhum
tipo, permaneceram esperando em Deus. E pensemos em nossos irmãos, em nossas
irmãs do Oriente Médio que dão testemunho de esperança e que oferecem a vida
por este testemunho. Estes são verdadeiros cristãos! Estes levam o céu no
coração, olham além, sempre além. Quem teve a graça de abraçar a ressurreição
de Jesus pode ainda esperar no inesperado. Os mártires de todo tempo, com sua
fidelidade a Cristo, dizem que a injustiça não é a última palavra na vida. Em
Cristo ressuscitado podemos continuar a esperar. Os homens e as mulheres que
têm um “porque” viver resistem mais que os outros nos tempos de desgraça. Mas
quem tem Cristo a seu lado verdadeiramente não teme mais nada. E por isso os
cristãos, os verdadeiros cristãos, nunca são homens fáceis e acomodados. Sua
mansidão não deve ser confundida com um sentido de insegurança e de
remissividade. São Paulo diz a Timóteo a sofrer pelo Evangelho e diz assim:
“Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de força, de caridade e de
prudência” (2 Tm 1, 7). Caídos, se levantam sempre.
Eis, queridos irmãos e irmãs, porque o cristão é um missionário
de esperança. Não por seu mérito, mas graças a Jesus, o grão que, caído na
terra, morreu e trouxe muito fruto (cfr Jo 12, 24).
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