quinta-feira, 2 de março de 2017


Campanha da Fraternidade 2017


A Campanha da Fraternidade deste ano nos alerta para a atual crise socioambiental que afeta toda a criação de Deus. Com o tema “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida” e o lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15), a iniciativa busca promover o cuidado com a criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, através de relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho.
A Campanha acontece no tempo forte da Quaresma. Neste tempo litúrgico a prática da caridade, da oração, do jejum, a conversão e a Campanha da Fraternidade tornam-se oportunidades de experimentar a espiritualidade pascal capaz de gerar, ao mesmo tempo, a conversão pessoal, comunitária e social. Uma pessoa de fé que faz sua caminhada quaresmal rumo à Páscoa, ao tomar consciência da realidade do como são tratados os biomas brasileiros, não poderá ficar indiferente.

A Campanha da Fraternidade é uma verdadeira iniciação à fé e à sua prática. A conversão quaresmal é, ao mesmo tempo, um voltar-se para Deus, para o próximo e para a vida da criação que nos cerca. E muito mais para nós que vivemos uma consagração em meio ao mundo; não podemos ficar de fora. Como consagrados somos convocados a assumir nossa responsabilidade de vivenciarmos nosso carisma em todas as suas dimensões.

Quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade, apontando os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade. A vida fraterna é a síntese do Evangelho quanto às relações humanas e testemunha a nossa dignidade como verdadeiros filhos e filhas de Deus.
Paulo Apóstolo instrui qual deve ser nosso modo de viver: ser santuários nos quais habita Deus (1Cor 3,16-23). Nós, seguidores do Cristo, aprendemos com ele a ser também habitação divina, casa da santidade, porque vivemos no amor.

Diante do atual contexto, onde vivenciamos a destruição da natureza, vemos crescer a ambição e a busca por lucro a todo custo, sem considerar os impactos sofridos por nossa mãe terra, pelas populações originárias e pelos mais pobres. Diante dessa realidade, inspirados pelo Francisco de Assis e o Papa Francisco, somos convidados a uma conversão ecológica, com mudanças no estilo de vida e engajamento nas causas socioambientais contemporâneas.
Dentre os objetivos principais, a CF de 2017, tem enfoque em aprofundar o conhecimento de cada bioma, provocando o comprometimento com causas das populações originárias e na defesa de seus direitos; reforçar o compromisso com a biodiversidade, os solos, as águas e o clima e contribuir para a construção de um novo paradigma econômico ecológico; manter a articulação com outras igrejas, organizações da sociedade civil, comunidades acadêmicas e pessoas de bem; e compreender o desafio da conversão ecológica a que nos chama o nosso Papa Francisco na carta encíclica Laudato Si’.
   
Ao falarmos da Campanha da Fraternidade 2017, é de grande importância, destacar antes de mais nada a repercussão da “Encíclica Verde”, a Laudato Si, do Papa Francisco. Ela é a causa das reflexões que vem acontecendo nas Campanhas das Fraternidade no Brasil. Em 2016, a Campanha da Fraternidade refletiu um tema muito semelhante: “Casa comum, nossa responsabilidade” que teve como lema: “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” ( Am 5,24). Este ano, na mesma linha, o tema será: “Fraternidade: Biomas Brasileiros e defesa da vida” e o Lema: “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2,15).

A criação é obra prima fruto das mãos de Deus. Nós, criados a sua imagem e semelhança, recebemos a vocação de cuidar e guardar com carinho do que foi criado. Jesus em suas mensagens catequéticas, costumeiramente, faz o uso de elementos da criação. São Francisco, no Cântico da Criaturas, expressa em oração a alegria pela criação. O Papa Francisco, ressalta mais uma vez, a relação entre a fragilidade do planeta e dos pobres. A causa é a mesma. E nesta quaresma, a CNBB, chama a atenção da nossa sensibilidade para este tema. É de fato a manifestação de Deus, nos chamando, a cuidar do planeta e da nossa própria vida.

O Papa Francisco ao afirmar que nós, os seres humanos, “não somos meramente beneficiários, mas guardiões das outras criaturas”. Esta, talvez, seja a grande lição proposta pela CF-2017: tomar consciência da interdependência entre as criaturas como lembra o Catecismo da Igreja Católica no número 2418.

 A Igreja Católica já há algum tempo tem sido uma voz profética a respeito da questão ecológica. Não apenas tem chamado a atenção para os desafios e problemas ecológicos, como tem apontado suas causas e, principalmente, tem apontado caminhos para sua superação. As Igrejas particulares, Comunidades Eclesiais de Base, Pastorais Sociais, Semanas Sociais Brasileiras, Fóruns das Pastorais Sociais, o Grito dos Excluídos, muito se aproximaram do nosso povo para defender seus direitos e para promover a convivência harmônica com o meio ambiente em todo o Brasil.

Sejamos conscientes, desta importante tarefa, que temos que somar, junto a Igreja; que há muitos anos tem conscientizado a sociedade; será uma oportunidade de todos tomarmos consciência de nossa corresponsabilidade política, social e religiosa na promoção e defesa da vida que se manifesta em toda a criação. Cabe muito bem a nós consagrados.
Regina G de Melo Insa
Fevereiro de 2017



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