A identidade cristã se mostra no
testemunho, ensina o Papa
Por Centro vocacional, com Rádio Vaticano
O cristão é chamado a não se perder
pelos caminhos da mundanidade e ser sinal de fé para todo o mundo.
Na manhã de hoje, 9, na cidade do
Vaticano, ao celebrar a missa na Casa Santa Marta, com os Cardeais componentes
do Conselho para a reforma da Cúria; o Papa Francisco chamou a atenção para a
preservação da identidade cristã e a necessidade de render-se ao Espírito Santo
para que ele conduza a vida de cada um.
A homilia foi desenvolvida a partir
das palavras de São Paulo aos Coríntios, quando fala justamente da identidade
dos discípulos de Jesus. “Para chegar a esta identidade cristã, Deus nos fez
percorrer um longo caminho de história até o envio do seu Filho”.
O Santo Padre fala da condição de
pecadores que todos os homens têm, mas ensina que se deve confiar em Cristo,
pois ele é que tem a possibilidade de reerguer a todos: “Também nós devemos
percorrer na nossa vida um longo caminho, para que esta identidade cristã seja
forte a ponto de podermos oferecer um testemunho. É um caminho que podemos
definir como da ambiguidade à verdadeira identidade”.
E continua: “É verdade, o pecado
existe, e o pecado nos faz cair, mas nós temos a força do Senhor para nos
levantar e prosseguir com a nossa identidade. Mas eu diria também que o pecado
é parte da nossa identidade: somos pecadores, mas pecadores com a fé em Jesus
Cristo. E não é somente uma fé de conhecimento, não. É uma fé que é um dom de
Deus e que entrou em nós por Ele. É Deus que nos confirma em Cristo. E nos
conferiu a unção, nos imprimiu o selo, nos deu a entrada, o penhor do Espírito
em nossos corações. É Deus quem nos dá este dom da identidade”.
Para o Sumo Pontífice, é necessário
“ser fiel a esta identidade cristã e deixar que o Espírito Santo, que é
justamente a garantia, o penhor nosso coração, nos leve adiante na vida”.
Segundo ele, não somos pessoas que “vão atrás de uma filosofia”, “somos
ungidos” e temos a “garantia do Espírito”.
A identidade cristã é concreta, não
uma religião “soft”, ou seja, simples e maleável que se adapta a tudo: “É uma
bela identidade que se mostra no testemunho. Por isso, Jesus nos fala do
testemunho como de uma linguagem da nossa identidade cristã. E é assim mesmo
que a identidade cristã é tentada; as tentações sempre existem e ela pode
enfraquecer-se e perder-se”. O Papa, então, advertiu para dois caminhos que se
pode seguir:
– “Primeiro, o de passar do
testemunho às ideias, diluir o testemunho. ‘Eh sim, sou cristão. O Cristianismo
é isso, uma bela ideia. Eu rezo a Deus’. E assim, do Cristo concreto, porque a
identidade cristã é concreta – como o lemos nas Bem-aventuranças – passamos a
esta religião um pouco ‘soft’, no ar e no caminho dos gnósticos. Por trás, há o
escândalo. Esta identidade cristã é escandalosa. E a tentação é negar o
escândalo”.
“A cruz é um escândalo e,
portanto, há quem busca Deus com essas espiritualidades cristãs um pouco
etéreas, os gnósticos modernos. Existem os que sempre necessitam de novidade na
identidade cristã e esqueceram que foram escolhidos, ungidos, que têm a
garantia do Espírito e buscam. A última palavra de Deus se chama ‘Jesus’ e nada
mais”.
Para o Santo Padre a mundanidade tira
o sabor do nosso testemunho. Ela é o outro caminho que faz regredir na
identidade cristã:
– “Alargar de tal modo a consciência
de que ali cabe tudo. ‘Sim, nós somos cristãs, isso sim…’. Não somente
moralmente, mas também humanamente. A mundanidade é humana. E, assim, o sal
perde o sabor. E vemos comunidades cristãs, inclusive cristãs, que se dizem
cristãs, mas não podem nem sabem dar testemunho de Jesus Cristo. E assim a
identidade regride, caminha para trás e se perde, e é esse nominalismo mundano
que nós vemos todos os dias. Na história da salvação, Deus com a sua paciência
de Pai, nos levou da ambiguidade à certeza, à concretude da encarnação e à
morte redentora do seu Filho. Esta é a nossa identidade”.
São Paulo, disse ainda o Papa
Francisco, vangloria-se de Jesus “feito homem e morto por obediência”, “esta é
a identidade e ali está o testemunho”. E concluiu: “Esta é uma graça que
devemos pedir ao Senhor: que sempre nos dê este presente, este dom de uma
identidade que não busca adaptar-se às coisas até perder o sabor do sal”.
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