terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Campanha da Fraternidade 2015

Carta do editor – Vida Pastoral
janeiro-fevereiro de 2015
Campanha da Fraternidade: igreja e sociedade
Caros leitores e leitoras, 
Graça e paz!
A Campanha da Fraternidade (CF) de 2015 traz como tema “Fraternidade: Igreja e sociedade” e lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45). A escolha desse tema teve como objetivo inserir a campanha nas comemorações do jubileu do Concílio Vaticano II, com base nas reflexões propostas pela Constituição Dogmática Lumen Gentiume pela Constituição Pastoral Gaudium et Spes, que tratam da missão da Igreja no mundo. Podemos dizer que a eclesiologia e o esforço pela renovação da Igreja perpassam não apenas esses dois, mas todos os documentos do concílio, o qual foi eminentemente eclesiológico. A própria CF nasceu dos esforços de renovação suscitados pelo Vaticano II. Lembramos que as primeiras campanhas propuseram uma temática mais eclesial e depois houve uma série de campanhas de temática social, manifestando uma compreensão da Igreja como servidora da sociedade e da humanidade para a promoção da justiça do Reino de Deus. Na campanha de 2015, temos a oportunidade de englobar as duas dimensões: qual Igreja e qual sociedade queremos? Uma Igreja a serviço da sociedade que almejamos, a sociedade desejada pelo próprio Cristo: justa, fraterna, solidária, com vida digna e em abundância para todos.
Ao longo da história, a Igreja havia se distanciado desses anseios nascidos do evangelho. A inspiração de João XXIII para convocar o Vaticano II constituiu uma oportunidade de reaproximação. O concílio foi uma volta às fontes bíblicas e patrísticas e uma busca de superação do embate, da rejeição mútua entre Igreja e modernidade. Essa volta às fontes permite a elaboração de uma eclesiologia de comunhão, de cunho sacramental, que tem como ponto de partida e de chegada a Santíssima Trindade e Cristo “luz dos povos”.
A eclesiologia do Concílio Vaticano II suprime uma teologia fundada no direito, na hierarquia, na centralização e no poder, para suscitar uma reflexão eclesiológica do mistério trinitário, da Igreja dialogante com o mundo. A partir de então entraram fortemente na agenda da Igreja as preocupações com as situações concretas vividas pelos povos: o tema da miséria de grande parte da humanidade; os direitos humanos; as ameaças de destruição da humanidade; a corrida armamentista; a paz; o desenvolvimento dos povos; o acesso à cultura, à educação, aos benefícios do desenvolvimento; a opressão; o estabelecimento da justiça entre as nações e dentro delas.
O Vaticano II e seus documentos precisam sempre ser retomados para não serem esquecidos, mas aprofundados. De forma semelhante à tradição do povo de Deus do Antigo Testamento, o qual, após o êxodo, mantinha o princípio de lembrar cotidianamente “o Deus que te tirou do Egito” e retomar essa memória sempre que se sentia necessitado de conversão. Também, como afirmava o papa Paulo VI no ano seguinte ao final do concílio: “Os decretos conciliares, antes de serem um ponto de chegada, são um ponto de partida para novos objetivos. É necessário ainda que o Espírito e o sopro renovador do concílio penetrem nas profundezas de vida da Igreja. É necessário que os germes de vida depositados pelo concílio no solo da Igreja cheguem a sua plena maturidade” (Oss. Rom. 26-27 out. 1966). A eclesiologia do Vaticano II não encerra o debate, mas o abre.
Continuamos então o esforço da recepção e compreensão dos seus documentos, de sua aplicação e da caminhada nas sendas abertas pelo concílio. Com certeza a CF e o período de conversão quaresmal são ótimas oportunidades para isso. 
Pe. Jakson Alencar, ssp
Editor


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