Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
Miqueias é dos profetas da Bíblia. Viveu num momento difícil da história
do seu povo. Muita destruição e dor. Como todo profeta, recebeu a missão de
animar e educar o povo, anunciando o projeto de Deus e denunciando tudo o que
contraria o seu Plano de amor.
A certa altura da vida, ele se questiona: “Com que hei de comparecer
diante do Senhor?” Com holocaustos? Desejará o Senhor bezerros, óleo? Ou que eu
sacrifique meu filho? E logo responde: “Foi-te dado a conhecer o que é bom, o
que o Senhor exige de ti: nada mais que respeitar o direito, amar a
fidelidade e aplicar-te a caminhar com teu Deus” (Mq 6,6-8).
Esse texto foi escolhido como tema central da “Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos” de 2013, em preparação para a Festa de Pentecostes,
quando celebramos e recebemos o grande dom do Espírito Santo.
A beleza e a riqueza da fé cristã, a Boa-Nova que procuramos viver e
anunciar, a vida e mensagem salvadora e libertadora de Jesus, tudo isso acaba
sendo ofuscado e prejudicado pelas divisões tão marcantes entre os cristãos,
pela falta de diálogo, pela intolerância, pela falta de um amor mais sincero e
comprometido. Daí, a importância do RESPEITO a cada ser humano, a cada cultura,
a cada povo.
Como a Semana de Oração acontece no mundo inteiro, o material proposto
para este ano foi preparado pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia. O
ponto de partida foi a grande injustiça social daquele país em relação aos
‘párias’, os dalits. A classe dos dalits é considerada a mais
baixa, mais impura e mais causadora de impurezas. E, por isso, é marginalizada
e explorada. Cerca de 80% dos cristãos da Índia vêm dessa classe.
Mas também em nosso Brasil há um grande número de pessoas
marginalizadas, exploradas, sofridas. Podemos citar, por exemplo, os
moradores(as) de rua, pedintes, encarcerados(as), prostitutas, catadores(as) de
lixo, portadores de AIDS, indígenas, quilombolas etc.
O convite do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) é para que nos
unamos em oração pela unidade, porque unidos podemos fazer muito mais pela
libertação, pela justiça, pela solidariedade em relação a tanta gente
sofredora. Além da oração, que procuremos praticar o diálogo, a compreensão, a
tolerância, o verdadeiro amor ao próximo. E que nos unamos na luta pelo direito
à vida em plenitude. O roteiro para a Semana propõe, entre outras coisas, uma
reflexão para cada dia. São as chamadas “Estações”, ou paradas para conversar,
refletir, orar, assumir.
A primeira Estação aponta a importância de caminhar nas conversas,
saber ouvir, dialogar dentro do respeito e da caridade. O texto bíblico para
inspiração é o da torre de Babel (Gn 11,1-9). A segunda Estação nos convida a caminhar
com o corpo ferido de Cristo, indo ao encontro dos mais sofridos. O texto
bíblico de Lc 22,14-23 relata como Jesus partilha e se doa antes de enfrentar a
cruz e a morte. A Estação 3 é caminhando para a liberdade. O Espírito
nos comunica a liberdade (2Cor 3,17). Somos chamados a ser livres e a respeitar
a liberdade do outro. O versículo 17 fala do “rosto descoberto”. O cartaz da
Semana traz uma mulher com o rosto coberto: “um véu, uma boca velada, um olhar
firme”. É a realidade de tanta gente, calada à força, amordaçada, aprisionada,
mas que não desiste e olha com fé e firmeza para um futuro de liberdade e
respeito.
A quarta Estação fala em caminhar como filhos da terra. “A
criação geme em dores de parto” (cf. Rm 8,18-25). Precisamos ouvir os apelos da
terra e dos filhos da terra. Sentir seus anseios. Cuidar da criação e,
sobretudo, da criatura humana. Na quinta Estação, caminhar como amigos de
Jesus. “Não chamo vocês de servos, mas de amigos” (Jo 15,15). Não podemos
caminhar sozinhos. Vamos como irmãos e irmãs. É importante cultivar a amizade,
com Jesus e com o próximo. Isso dá sentido à vida e a torna mais prazerosa.
Na Estação 6 lembramos que é preciso caminhar além das barreiras.
Cristo destruiu o muro da separação. “Ele é a nossa paz”. Fez dos povos um só
(cf. Ef 2,13-16). É preciso vencer barreiras, derrubar muros, superar
preconceitos. Buscar o que nos une. Finalmente, a Estação 7 nos convida a caminhar
em solidariedade. A parábola do “bom samaritano” (Lc 10,25-37) é a grande
inspiração. Solidariedade com as vítimas da sociedade, com os sofredores e com
todos(as) os(as) que lutam pela justiça e pela paz. Mais importante que
celebrar o culto ou pregar a Bíblia, é cuidar de quem foi deixado à beira do
caminho. O que Deus exige de nós? Nada mais que respeitar, ser fiel e
perseverar no caminho que o Senhor nos propõe…
Pe. José Antonio de Oliveira
zeantonioliveira@hotmail.com
zeantonioliveira@hotmail.com
Arquidiocese
de Mariana
Minas Gerais
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